Saturday 29 August 2009

Puta que me pariu. Atrasado, de novo. Por que o trânsito dessa cidade não pode facilitar um pouco a minha vida?

Entrei no escritório com aquela cara de “não precisam parar o que estão fazendo, eu sei o caminho da minha mesa” mas tem sempre um filho da puta (tanto quanto eu pra chegar atrasado na caruda) que alerta minha presença. Marcão. O mais desgracera de todos os colegas de trabalho que eu poderia ter. Baixinho, um tanto quanto obeso, usava camisa pólo desabotoada (claro) e as axilas demandavam água que era uma maravilha. Um nojo estar perto dele.

- Grande _______ ! (sim, essa lacuna é onde deveria ir o meu nome. A autora ainda não decidiu sei lá o que está esperando, de repente uma ajuda do público ou uma inspiração arrebatadora. Que não me chame de nada estranho, please). Atrasado de novo hein!

- Perdi o metrô, Marcão. E aí, trabalhando muito no monitoramento da vida alheia?

Virei as costas e saí em disparada para a minha mesa afundar minha testa no teclado do computador. O que estava acontecendo? Logo eu. Um cara com mais de trinta. Trinta e poucos. Tá, trinta e cinco, que seja. Submetendo-se a essas coisas ridículas, essa lack of responsibility, mas que porra toda era essa?

Senti o cheiro do cafezinho vindo da pequena cozinha localizada aos fundos do escritório. Ah de quê é o escritório? Não sei, a autora ainda também não sabe. Na realidade acho que ela está mais interessada em relatar (e propiciar!) os meus fracassos do que dar detalhes da minha vida. Mas acho que até o final da história ela já me deu um nome e emprego dignos. Pois bem, cheirinho de café. Dona Leninha, a servente daqui do serviço anônimo, sempre passava o café naquela hora. Boa hora, nesse momento. Que papo estranho esse que estou tendo comigo mesmo, whatever.

Creio que já perceberam que eu chamo as mulheres pelo diminutivo, não? E não apenas as que me sinto sexualmente atraído mas também aquelas que sinto um certo apreço. Tal como me sinto pela servente. Quase uma tia. A única que eu não chamo assim tão carinhosamente falsamente é a Ana Carolina. Mulher fodástica, não admitia diminutivos. “Você é tão idiota, fulano”, ela dizia. E eu me derretia feito sorvete em dia de verão...

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